terça-feira, 30 de junho de 2015

Minions: Sem dizer nada compreensível conquistam crianças e adultos

Estreou na última quinta feira (25/07) a animação, Minions, que conta a origem dos simpáticos e desajeitados assistentes amarelos do vilão Gru – Meu Malvado Favorito 1 e 2 (2010 -2013). As pequenas criaturas amarelas percorrem todos os fatos históricos da humanidade em busca de um vilão para chamarem de seu, mas acabam tristes em uma caverna congelada até 1968, quando três deles: Kevin, Stuart e Bob partem em missão para encontrar um tipo maligno que outra vez ilumine o caminho para seu pequeno povo. Várias referências da cultura pop da época aparecem no filme, desde os hippies até as manifestações contra a Guerra do Vietnã, incluindo os Beatles que dão o ar da graça. Os pequenos acabam encontrando Scarlet Overkill (Sandra Bullock) dublada aqui por Adriana Esteves, que a interpreta muito bem, por sinal. O encontro acontece em uma feira de vilões em terras americanas, onde os três são selecionados como os novos ajudantes da malfeitora, logo eles são levados por Scarlet para a Inglaterra para praticarem um roubo gigantesco. Como premiação, se obtiverem sucesso na tarefa, poderão trazer todos os Minions para servirem à nova chefia.
Mas tudo dá errado e os seres amarelos entram em mais confusões e encontram a jovem dentuça rainha da Inglaterra. O público-alvo de Minions são as crianças, mas na sala onde assistimos a predominância era de adultos. Reparem que esses seres amarelos contagiam não apenas crianças, mas também os que já deixaram a infância há algum tempo. O filme presta quase que uma homenagem aos grandes comediantes do cinema mudo; os Minions conseguem expressar sua graça sem a necessidade de diálogos compreensíveis. As falas dos pequenos são uma mistura de inglês, espanhol, italiano e francês. Para mim, a maior delícia do filme é o final, no mínimo encantador. EUA, 2015. 91min. Direção de Kyle Balda, Pierre Coffin. Vozes no original de Jon Hamm, Sandra Bullock, Michael Keaton, Allison Janney, Steve Coogan, Chris Renaud, Pierre Coffin, Jennifer Saunders.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Caminhos do Mar, um agradável passeio pela história do Brasil

Um patrimônio público está prestes a perder a sua função: o de ser apreciado pelo cidadão. A trilha Caminhos do Mar perde no final do mês de junho a sua administração. Por motivos burocráticos, creio eu, ainda não foi decidido quem administrará esta obra arquitetônica a céu aberto tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Reaberta ao público em 15 de dezembro de 2013, pelo mesmo governador que até agora ainda não decidiu quem vai administrá-la, a trilha apresenta uma das mais lindas vistas que já vi. Seus monumentos presentes no decorrer do trajeto detalham como é rica a história do nosso país. Infelizmente não muito divulgada. A estrada inaugurada em 1926 foi a primeira rodovia pavimentada da América Latina. A área foi declarada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO).
No último domingo, 21/06, estive no local com um grupo de amigos e minha filha de cinco anos de idade. Tivemos a sorte do tempo estar aberto e o privilégio de contemplar toda a paisagem. O esplendor da Mata Atlântica e uma vista magnífica de todos os monumentos. As informações passadas pelos guias são verdadeiras aulas de história. Eles explicam de forma atenciosa, tudo o que envolve as construções presentes na trilha. Os motivos por que eles foram erguidos naquele local, tudo explicado de maneira bem didática e cuidadosa pelos guias do parque. Essa é uma trilha que pode ser feita pela família e por pessoas de todas as idades; o único problema do percurso é a metade final que é muito íngreme. Um passeio agradável e culturalmente enriquecedor. Torço para que os nossos governantes mantenham aberto ao público esse belo ponto turístico.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Filme: “A Lição” universal da Bulgária

O filme búlgaro “A Lição”, que estreou ontem (11/06),em São Paulo, poderia ter a narrativa representada em qualquer lugar do planeta pela universalidade do tema. Uma professora do ensino médio descobre que um dos seus alunos foi roubado dentro da sala de aula. Por ser uma mulher com valores morais muito rígidos, ela inicia uma jornada para descobrir e punir o responsável de qualquer maneira. A personagem principal é interpretada de forma eficiente e magnífica pela atriz búlgara Margita Gosheva. Nade, nome da personagem principal, é quem conduz do início ao fim a trama do longa. Os diretores estreantes, Kristina Grozeva e Petar, mostram muito bem o deslocamento da professora para não perder seu transporte, combater a malandragem na sala de aula, vencer o agiota e, sobretudo, saldar suas dívidas. O filme mostra diversos problemas sociais que contribuem para que o tema se torne comum a nós, brasileiros, e nos retrata tão bem na tela do cinema. “A Lição” se passa no subúrbio da Bulgária, ambiente com certo desequilíbrio urbano e o abandono rural, muito familiar com a realidade brasileira: - e porque não mais específico com a realidade paulistana! Questões éticas discutidas na sala de aula do filme búlgaro poderiam ocorrer igualmente numa escola brasileira ou em qualquer outra sala de aula do mundo. Por isso o filme, vem recebendo o reconhecimento internacional em festivais. Outro ponto que o filme apresenta de forma sutil, é a questão do julgamento. Diriam os psicólogos: somos seres, que comprovadamente, julgamos o tempo todo. Isso piorou muito com a era das redes sociais: temos que ter opinião sobre tudo e todos, criticamos “posts do face” e travamos guerras com assuntos tão banais quanto às grandes guerras já existentes na história da humanidade. A personagem principal do filme inicia a história na posição de juíza daquela situação do roubo ocorrido dentro da sua sala de aula e, no decorrer do filme, ela tem que ser libertar dos seus preconceitos para tentar sobreviver. Nade passa de juíza a ré de seus próprios valores.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Não me contive, não segurei o riso. Passei por maluco.

Muitas pessoas que compartilharam comigo o mesmo vagão do metrô de São Paulo, linha Azul – Tucuruvi/Jabaquara, nas manhãs da última semana, ao me verem com certeza pensaram: “Esse cara é louco, não bate bem da cabeça, olha lá! Coitado, está dando risada sozinho! Essa reação foi causada pela leitura do livro “Nu, de botas”, do autor Antonio Prata, que revisita as memórias mais marcantes da infância do autor. Prata escreve para a Folha de São Paulo desde 2010. Aos 36 anos, é o cronista de maior destaque de sua geração e um dos maiores do país. Mas não tinha como não rir, ou não me emocionar ou não me identificar com que estava escrito naquelas páginas; as passagens levaram-me à minha infância. Um período mágico de tanta ingenuidade que, às vezes, não sei por que, em algum momento daquela fase ingênua da vida, rezei tanto para virar adulto. Lembrar das minhas tentativas de ligar para o programa do Bozo foi uma das mais hilárias, mas ao contrário do autor, nós não tínhamos telefone em casa – é na década de 80, telefone era artigo de luxo declarado em imposto de renda – eu e meus irmãos comprávamos cartela de fichas da Telesp para tentar tal proeza. Eram tempos muito diferentes de hoje, as embalagens dos produtos não tinham data de validade, não existiam tantos carros nas ruas; não existiam sacolas plásticas, entre outras coisas “fundamentais” que nos cercam atualmente. Lembro que tínhamos uma TV que a caixa era feita de madeira e pegou cupim; foi se esfarelando aos poucos a coitada... Todas as minhas lembranças dessa fase surgiram ao ler as crônicas de Prata, que relatavam: as primeiras lembranças no quintal de casa, os amigos da vila, o cometa Halley, Bozo e os desenhos animados da tevê, a primeira paixão, o sexo descoberto nas revistas pornográficas, ou seja, toda a educação de um paulistano nascido nos anos 1970 aparece no livro que confere um sentido muito particular, cômico, misterioso, lírico e encantador desse período da vida.