segunda-feira, 1 de junho de 2015

Não me contive, não segurei o riso. Passei por maluco.

Muitas pessoas que compartilharam comigo o mesmo vagão do metrô de São Paulo, linha Azul – Tucuruvi/Jabaquara, nas manhãs da última semana, ao me verem com certeza pensaram: “Esse cara é louco, não bate bem da cabeça, olha lá! Coitado, está dando risada sozinho! Essa reação foi causada pela leitura do livro “Nu, de botas”, do autor Antonio Prata, que revisita as memórias mais marcantes da infância do autor. Prata escreve para a Folha de São Paulo desde 2010. Aos 36 anos, é o cronista de maior destaque de sua geração e um dos maiores do país. Mas não tinha como não rir, ou não me emocionar ou não me identificar com que estava escrito naquelas páginas; as passagens levaram-me à minha infância. Um período mágico de tanta ingenuidade que, às vezes, não sei por que, em algum momento daquela fase ingênua da vida, rezei tanto para virar adulto. Lembrar das minhas tentativas de ligar para o programa do Bozo foi uma das mais hilárias, mas ao contrário do autor, nós não tínhamos telefone em casa – é na década de 80, telefone era artigo de luxo declarado em imposto de renda – eu e meus irmãos comprávamos cartela de fichas da Telesp para tentar tal proeza. Eram tempos muito diferentes de hoje, as embalagens dos produtos não tinham data de validade, não existiam tantos carros nas ruas; não existiam sacolas plásticas, entre outras coisas “fundamentais” que nos cercam atualmente. Lembro que tínhamos uma TV que a caixa era feita de madeira e pegou cupim; foi se esfarelando aos poucos a coitada... Todas as minhas lembranças dessa fase surgiram ao ler as crônicas de Prata, que relatavam: as primeiras lembranças no quintal de casa, os amigos da vila, o cometa Halley, Bozo e os desenhos animados da tevê, a primeira paixão, o sexo descoberto nas revistas pornográficas, ou seja, toda a educação de um paulistano nascido nos anos 1970 aparece no livro que confere um sentido muito particular, cômico, misterioso, lírico e encantador desse período da vida.

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