quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Reserva do Morro Grande: trilha sobre os trilhos

No último final de semana (15 e 16/08) partimos para mais uma aventura. Caminhar sobre a linha férrea que corta a Reserva do Morro Grande. Iniciamos a travessia em Caucaia e terminamos em São Lourenço da Serra, nas margens da rodovia Régis Bittencourt; foram 21 km de trilha. Foram dois dias em um lugar pacato onde a amizade foi a grande protagonista. Sábado, às 07h00 da manhã, estávamos no ponto de encontro na estação Butantã. Parada rápida, mas nem tanto, na padaria para aquele café da manhã. Partimos de ônibus e em um pouco mais de uma hora e meia de viagem estávamos em Caucaia para iniciarmos a caminhada. Parada no supermercado para compras de última hora e, em seguida, partimos. A andança começou com os funcionários que fazem manutenção na linha férrea fazendo graça conosco porque estávamos tirando fotos dos trens.“Tira minha foto para eu aparecer na Globo”, gritou um deles. Outro disse: “Precisam de água? Eu vendo para vocês por uma onça (R$ 50,00)”.
Aliás, água é item fundamental nessa travessia pelo menos até o local do acampamento. Existe apenas um ponto possível em que se pode pegar água durante essa primeira parte do trajeto em que o sol forte nos acompanhava lá do céu. Um trem passou por nós apitando, e continuamos a andar, mas algum tempo depois ele parou. Quando chegamos ao primeiro carro no instante que ultrapassaríamos a composição, resolvemos parar e tirar uma fotografia, mas para nossa surpresa o maquinista saiu e gentilmente convidou o grupo para conhecer a cabine.
Subimos todos para conhecer o interior, uma pena não tinha uma caldeira e nem lenha, na verdade o local é equipado com computadores. O maquinista nos disse que cada vagão tem entre 80 e 120 toneladas e o trajeto todo da ferrovia vai de Santos a Mato Grosso do Sul. Foi um bônus para o passeio, parecíamos crianças. Fez-me lembrar do trenzinho de plástico que meu pai me presenteou quanto eu era pequeno. Na montagem do acampamento, os rapazes organizaram ponte para a travessia, fogueira e até um banheiro para o banho. A noite caiu, e entre conversas, risos e partidas de uno, regadas a vinho e carne assada, o frio foi chegando juntamente com o céu maravilhosamente estrelado que foi nosso divertimento. Por volta das 22h00 todos resolveram dormir, até que consegui dormir um pouco, mas fez muito frio durante a madrugada e aquela ida ao banheiro tirou meu sono; nem saco de dormir, duas blusas e meias resolveram a questão.
Na manhã do domingo a cerração e o orvalho nas plantas e nas barracas davam um charme a mais ao local. Desmontado o acampamento, sem antes nos servimos de um belo café da manhã reforçado com tapioca doce e salgada, além de cafezinho adoçado com rapadura. Pegamos o rumo para completar da trilha. Nesse trajeto o diferencial são os túneis e o ar imponente que eles produzem, são três no total. E dá-lhe trens e pedras e mais paisagens para tirar fotos. A paz foi muito grande entre o grupo e a sintonia entre todos foi bem bacana. O local é propício para caminhar e colocar os pensamentos em ordem, encontrar-se. Não é todo dia que se tem a possibilidade de juntar velhos amigos e conhecer novas pessoas, trocar ideias e experiências. No final das contas, o que poderia provocar stress – que foi a noite mal dormida – acabou virando motivo de piada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário