quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Documentário sobre a ditadura é essencial para entender o Brasil hoje

Para os jovens que andam por aí, pelas ruas da cidade em manifestações, pelas cidades brasileiras pedindo a volta do regime militar, proponho como lição de casa assistir ao documentário “O dia que durou 21 anos”, do documentarista Camilo Tavares. O filme faz um panorama desde a renúncia de Jânio Quadros até o fim do regime com o presidente João Batista de Figueiredo. Uma verdadeira aula que nos mostra que interesses econômicos estavam em jogo e que os EUA não tolerariam mais uma bagunça no seu quintal, já bastava Cuba. No último sábado, dia 19/09, no Memorial da Luta pela Justiça, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, 1279, São Paulo – SP, o filme foi exibido para uma plateia de advogados, estudantes e pessoas interessadas em entender um pouco melhor a história brasileira. Estiveram presentes na mesa de debates o diretor do documentário, Camilo Tavares, e o advogado Belisário dos Santos Junior, que, após a projeção, coordenaram as discussões sobre o documentário.
O filme inicia em plena Guerra Fria quando os Estados Unidos começaram a arquitetar o golpe para derrubar o governo de João Goulart (Jango). As primeiras ações iniciam em 1962, pelo então presidente John F. Kennedy; após o assassinato do mandatário americano, em 1963, Lyndon Johnson assume o governo e mantém a estratégia de remover João Goulart do governo brasileiro. O temor americano era que o país - o maior das Américas - pudesse se tornar uma nova Cuba e influenciar outros países da região. Na verdade, o que o governo americano fez foi garantir que seus interesses econômicos, em território tupiniquim, não fossem ameaçados. Para o advogado Belisário dos Santos, o filme é um importante resgate da memória histórica do Brasil. “Vivemos 21 anos em que a liberdade foi reprimida e qualquer manifestação contrária ao regime era ruim e isso está voltando”, alertou o advogado que é vice-presidente da Comissão da Verdade da OAB SP. “O dia que durou 21 anos”, mais que um documentário, propõe uma recuperação do resgate histórico por meio de uma nova narrativa sobre esse período. O filme foi realizado com uma extensa pesquisa histórica feita nos Estados Unidos, onde o diretor e sua equipe tiveram acesso a documentos do governo norte-americano.
Camilo Tavares contou que a curiosidade e a necessidade de conhecer a sua própria história o levaram a produzir o filme. Camilo é filho de Flávio Tavares, que foi um dos 15 presos políticos libertados em troca do embaixador norte-americano sequestrado, Charles Elbrick. “Eu nunca soube o que realmente aconteceu com os meus pais, os meus tios, nunca tive acesso a essas informações”. A ignorância histórica deve ser combatida e esse documentário propõe a jogar uma luz nesse período tão sinistro da nossa história. Pelo que o filme retrata, o golpe militar, ou uma futura volta de um regime militar, não têm, ou não teriam, nada de social, ou seja, as pessoas não seriam atendidas primeiramente, mas apenas os interesses do capital estrangeiro, da grande potência econômica e militar mundial estariam em discussão. Então, procuremos outra saída para a nossa crise social, moral e ética.

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