sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Penúltimo “Sarau Conversar” do ano faz homenagem a Mario Quintana

Últimos dias do mês de outubro, mais um final de ano se aproximando e na última terça-feira (27/10) foi realizado o penúltimo “Sarau Conversar” do ano de 2015. Neste encontro o homenageado foi o gaúcho Mario Quintana. Suas poesias e seus textos foram declamados para uma plateia atenta que pôde conhecer um pouco da vida e da obra deste brasileiro que nos encanta com suas poesias sem apegos a regras, mas repletos de muita sensibilidade e bom humor. A noite ainda teve apresentações musicais e a presença do fotógrafo Paulo D’ Alessandro que falou um pouco do seu ofício e os rumos da fotografia. Lígia Velozo Crispino como sempre conduziu o Sarau de forma alegre e descontraída; é ela quem faz a pesquisa dos autores apresentados em cada evento. Sobre o autor, destaco alguns dos pontos apresentados no evento: Mario Miranda Quintana, gaúcho, da cidade de Alegrete, veio ao mundo em 30 de julho de 1906. Foi o quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de Dona Virgínia de Miranda Quintana. Com sete anos, auxiliado pelos pais, aprendeu a ler tendo como cartilha o jornal “Correio do Povo”. Seus pais ensinaram-lhe, também, um pouco de francês. Em 1930 foi, por seis meses, para o Rio de Janeiro entusiasmado com a revolução liderada por Getúlio Vargas, também gaúcho, como voluntário do Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Voltou a Porto Alegre, no ano seguinte, e à redação de O Estado do Rio Grande. Além de jornalista, o poeta foi tradutor, deixando mais de 130 obras da literatura universal traduzidas.
Um fato curioso e engraçado da vida de Mario Quintana ocorreu em 1978 após a sua terceira derrota na tentativa por uma vaga na Academia Brasileira de Letras. O poeta compôs o conhecido poema: Poeminho do Contra Todos esses que aí estão / Atravancando meu caminho, Eles passarão.../Eu passarinho! (Prosa e Verso, 1978). Ao ser convidado a candidatar-se pela quarta vez, e mesmo com a promessa dos colegas de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou e disse: “Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro”. Mario sempre foi um solitário. Não teve filhos, viveu grande parte da vida em hotéis de 1968 a 1980, residiu no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre, de onde foi despejado quando o jornal “Correio do Povo” encerrou temporariamente suas atividades por problemas financeiros, e Quintana, sem salário, deixou de pagar o aluguel do quarto. Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, que fora considerado um marco arquitetônico de Porto Alegre, foi tombado. Em 1983, atendendo a pedidos dos fãs gaúchos do poeta, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o imóvel e transformou-o em centro cultural, batizado como “Casa de Cultura Mario Quintana”. O quarto do poeta foi reconstruído em uma de suas salas, sob orientação da sobrinha-neta Elena Quintana, que foi secretária dele de 1979 a 1994. O poeta faleceu, em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo de completar 87 anos. O sarau contou com a presença do fotógrafo Paulo D´Alessandro, formado em fotografia, em Barcelona, que trouxe alguns dos seus trabalhos para apreciação dos presentes e discutiu um pouco sobre os rumos da fotografia e o seu processo criativo. Também apreciador de Mario Quintana, Paulose rendeu ao microfone aberto e recitou poema do autor. Quem quiser conhecer um pouco mais do fotógrafo pode visitar a sua página no facebook: https://www.facebook.com/dalessandrofotografia/?fref=ts
O próximo e último encontro do ano já tem data marcada, será no dia 24/11 às 19h30, no piso superior da Livraria Cultura, na loja das Artes. Para esse encontro, Lígia Velozo pretende fazer uma grande festa de encerramento, com sorteios e trocas de poesias e algumas outras surpresas. Venham conhecer e participar desta manifestação cultural tão enriquecedora. Curta a página do “Sarau Conversar” no facebook https://www.facebook.com/Conversar-1642753309283344/?fref=ts e acompanhe as novidades.
Quero sempre poder Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto,/ Mesmo quando a situação não for muito alegre.../ E que esse meu sorriso consiga transmitir paz/para os que estiverem ao meu redor./ Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém.../E poder ter a absoluta certeza de que esse alguém/também pensa em mim quando fecha os olhos,/que faço falta quando não estou por perto./Queria ter a certeza de que apesar de minhas/renúncias e loucuras, alguém me valoriza/pelo que sou, não pelo que tenho.../Que me veja como um ser humano completo,/que abusa demais dos bons sentimentos/que a vida proporciona,/que dê valor ao que realmente importa,/ que é meu sentimento...e não brinque com ele.

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